Empreender... Por onde começar?
- Débora Martins
- 22 de out. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 25 de out. de 2020
Nessa vida de empreendedorismo, percebi que a grande maioria das pessoas, antes de empreender, precisa se perceber empreendedor. Por não estarem satisfeitos com o salário, com a equipe de trabalho, com a profissão que escolheu, com a formação que escolheu... São muitas variantes. Até que um dia, a pessoa entende que não se encaixa em uma única forma de trabalhar, naquela função que ocupa, e até mesmo na empresa que trabalha. Fato é que o empreendedor se descobre. E, quando entende que a sua melhor maneira de trabalhar é buscando melhores formas, melhores produtos, melhores serviços, do que aqueles em que está acostumado a lidar inicia-se a busca.
Essa busca vem recheada de questionamentos:
Qual a minha vocação?
Por que não me encaixo?
Por que nunca estou satisfeita(o)?

Mas o caminho é esse mesmo. Fazer-se perguntas. Permita-se encontrar as suas respostas. Elas certamente chegarão a você.
Para este artigo, convidei uma pessoa que admiro muito como profissional, meu mestre na especialização em cortes de cabelo, o Gil Novais, especialista em cortes e visagista, criador do método Engenharia de Curtinhos e método Precision, para ele, o que o ajudou nessa descoberta foi sua fé.
Depoimento:
“Falar de mim mesmo é uma tarefa não muito simples, algumas pessoas fazem com certa facilidade, mas confesso que não sou desses. No entanto, quero muito não só relembrar alguns dos mais importantes acontecimentos na minha vida profissional como também compartilhar com você leitor no intuito de talvez lhe acrescentar ânimo e motivação a continuar sua jornada, seja ela qual for. Eu sempre digo: ”Se eu aprendi, qualquer um pode aprender”, isso me referindo ao trabalho no ramo da beleza.
Pois bem, meu nome é Gilcimar Novais ou se você preferir, apenas Gil Novais. Sou designer de cortes e Engenheiro de Curtinhos, como eu e meus alunos nos apresentamos. Você sabe qual é o significado da palavra Designer? É desenhista, projetista, no meu caso me considero um projetista de cortes, sou também professor do Método Precision (precisão em cortes de cabelo) e também do curso Engenharia de Curtinhos.
Mas a pergunta é: “como alguém pode se tornar um designer de cortes?” ou ainda, “como eu me tornei um designer de cortes?”.
Vou contar isso juntamente com um pouquinho da minha história profissional.
Meu primeiro emprego foi como office-boy, tinha uns 19 anos de idade e antes disso a única coisa que eu fiz na vida foi estudar. Sempre amei estudar, lia muita coisa e procurava me aprofundar naquilo que era interessante pra mim e mesmo nessa profissão, ainda arrumava tempo para ler e estudar inglês e biologia principalmente. Ainda como office boy resolvi fazer um curso técnico em Biotecnologia, de fato eu nem sabia direito do que se tratava, mas o nome me atraiu. Eu amo inovação, adoro viajar na maionese com possibilidades futurísticas pras coisas e ainda amo demais biologia. Então quando ouvi esse nome nem pensei duas vezes. Fiz estágio na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na área de exames de DNA, e logo após terminar o curso fui chamado pra trabalhar na farmácia interna de um hospital, o que esse trabalho tem a ver com meu curso?! Até hoje me pergunto, mas fui, caí de gaiato nesse trabalho e nele permaneci por dois anos mais ou menos.
Era um trabalho pesado, tenso e cheio de responsabilidade e cobrança. Isso me motivou a procurar outro emprego e logo fui chamado pra outro hospital, porém, na mesma função, a de técnico em farmácia. Tudo isso me fez ver que SEMPRE DEVEMOS PROCURAR MELHORAR, ainda que aos poucos, um centímetro por vez, se aquele centímetro nos é permitido então avançamos.
Ao conseguir o novo emprego fiz outra coisa da qual ainda me orgulho muito, antes de largar o emprego anterior procurei minha chefia e contei que havia sido chamado para trabalhar em outro hospital, contei tudo, meu salário novo, os benefícios e tudo mais. O intuito era entender se eles me consideravam importante para o hospital. Fui promovido a auxiliar de faturamento, aquele um centímetro havia virado dois. Porém, até minha nova vaga sair eu trabalhei nos dois empregos ao mesmo tempo. Todo santo dia de 07h00minhs as 19h00minhs, sábado, domingos e feriados até que minha vaga saiu e eu larguei o outro emprego.
Foi tenso, não vou mentir. Três meses direto, eu já nem queria voltar pra casa, queria mesmo dormir nos hospitais. Aprendi aí uma coisa que levei pra vida: “Temos que respeitar a nós mesmos, nossos corpos, nosso bem estar e nosso tempo”, nenhum dinheiro paga seu bem estar. Eu passei natal e ano novo trabalhando, nunca conseguia tempo para conversar com alguém da minha família e no fim dessa jornada toda nem muito dinheiro havia sobrado pra compensar. É como a bíblia diz: “Onde aumentam os bens, aumenta o número daqueles que os devoram”, no meu caso eu mesmo me permitia gastar mais para compensar meu cansaço e falta de prazer com o tempo que eu tinha. Ainda parafraseando a bíblia “tudo é vaidade”, hoje sei disso.
Depois disso trabalhei um tempo na minha vaga no faturamento e por último, fui mandado embora por incompatibilidade de gênios com meu novo chefe após algum tempo. Aqui um novo questionamento surgiu: “Será que eu não deveria empreender em algo?”, na minha família meu pai sempre teve um emprego só, tô exagerando, mas no último ele entrou jovem e só saiu aposentado. Mas eu não me via tendo que passar por tanta coisa pra gerar tanto lucro pra terceiros, hoje não tenho nada contra isso, mas também compreendo que cada um tem seu perfil, há pessoas que não se sentem bem sem a “segurança” de uma carteira assinada, há outras que sabem que dão conta de obter ótimos ganhos trabalhando por conta própria e fazendo as coisas do seu jeito.
Eu sofri muito, muito mesmo por achar que meu caminho tinha que ser como o do meu pai. Eu tentava de todo jeito me encaixar nos padrões das empresas e era sempre incentivado a engolir muitos sapos pra manter meus empregos.
Com minha irmã mais velha descobri o empreendedorismo, num desses períodos de ‘entre empregos’ ela me chamou pra trabalhar pra ela e ganhar somente o que eu fizesse por merecer, tipo, vendeu ganhou, não vendeu não ganhou. Fiquei pouco tempo com ela e então caiu a ficha. Eu tinha que fazer seja lá o que for, mas tinha que ser por conta própria. Eu nasci pra empreender.
Daí em diante comecei a vender, na rua mesmo, de porta em porta, usando minhas habilidades adquiridas nas últimas experiências profissionais (sim, nada é perda de tempo, de tudo se tira algum proveito). Vendi anúncios em jornal de bairro, cartão de visita, panfletos e não só vendia como também confeccionava tudo isso. Aprendi na marra, sendo prejudicado pelas pessoas que deveriam fazer então eu mesmo meti as caras e aprendi.
Se tem uma lição que eu gostaria que você tirasse disso tudo essa lição é: “Enquanto você tem vida aprenda, aprenda sobre o que ama, sobre o que te dá alegria e também o que lhe é necessário para fazer o que tem que ser feito”.
Descobri que o APRENDIZADO é minha marca registrada, que sou capaz de me reinventar do zero sempre que preciso for.
Depois de uns anos me casei com a Marina e continuei como vendedor por mais um ano, quando depois de orar muito e perguntar ao Senhor Deus se eu devia fazer isso então decidi começar do zero de novo, agora como cabeleireiro no salão da Marina.
Aí começou uma nova jornada muito densa e áspera. Eu fiz o curso de cabeleireiro do zero, comecei lavando os cabelos das clientes, sendo chamado atenção por não saber fazer direito e no meio disso tudo ainda tentando passar confiança pras clientes pra não ficar sem levar dinheiro pra casa. Fui muito desprezado, menosprezado nunca humilhado por alguém a não ser por minha própria consciência, por saber que minha esposa trabalhava tanto, atendia tantas clientes e eu mal sabia lavar os cabelos delas.
No meio disso tudo eu sempre dispensava clientes de corte de cabelo e também de serviços mais elaborados, mas principalmente as de corte de cabelo. Pra mim, a coisa mais séria que tinha no salão de beleza era o tal de cortar cabelo. Eu não sabia bem e não sentia segurança com o que eu havia aprendido no curso básico.
Comecei a procurar conhecimento, lia muita coisa, estudava vídeos em inglês no youtube, até que um dia ouvi dizer que na Argentina haviam escolas de corte de cabelo. Planejei por dois anos, até que um dia deu certo e eu fui. Passei por tantos perrengues que fariam desse relato um livro. Aprendi muito, mas não tudo, ainda haviam lacunas grandes que precisavam ser preenchidas. Estudei por mais alguns anos sozinho, treinei muito, tentei inventar modas até que um dia me propus viajar pra Europa pra estudar mais. Fui pra Londres e pude incrementar meus conhecimentos, mas ainda não totalmente. Sabe por que digo isso aqui? Porque nem sempre fazer um curso presencial é o suficiente pra você absorver o conteúdo. Minhas maiores evoluções técnicas foram com as horas de estudo, treino e meditação que vinham depois dos cursos.
Depois disso tudo, resolvi desenvolver um Método de corte baseado no que aprendi lá fora e ensinar de maneira simplificada e bem explicada. Procuro sempre ensinar justamente com ênfase naquilo em que não fui ensinado e esse tem sido meu trabalho.
Há alguns meses resolvemos, depois de muito pensar e orar, fechar nosso salão. Depois de muito estudar e de me tornar de certa forma uma referência para algumas pessoas eu decidi fechar o salão de beleza e me dedicar 100% ao ensino da minha técnica.
Ensino através de meus cursos e também de maneira gratuita nas minhas redes sociais e no meu canal do Youtube.
De tudo o que eu falei quero deixar alguns aprendizados importantes aqui:
Primeiro, nunca tome decisões sem consultar a Deus, Ele é o único que possui amor e conhecimento suficientes para nos direcionar no caminho que devemos andar.
Segundo, se respeite. Não abuse de si mesmo, não trabalhe demais, não pense que você precisa de tanto dinheiro assim, você não precisa. Como Jesus ensinou, Ele cuida até mesmo das aves que não plantam e nem colhem quanto mais de nós que somos filhos.
Terceiro, não tenha medo de arriscar naquilo que você acredita, mas se for arriscar arrisque com tudo, estude e aprenda, aprenda e aprenda. Não se permita ser mais ou menos.
E por fim, acredite em você e no perfil de pessoal que você tem. Deus te fez assim, empreendedor ou empregado não importa, não se agrida tentando ser quem você não é. Há um lado bom em ambas as partes, o importante é ser feliz e agradar a Deus.”
O mais difícil na vida do empreendedor, é se descobrir, se perceber empreendedor. Depois disso, o grande passo é começar sua jornada, saindo da zona de conforto, partindo pra sua descoberta diária e contínua, de como é a melhor maneira de trabalhar com liberdade e obter seus resultados satisfatórios. Tenha fé em você, no seu bom trabalho, dê o seu melhor e persista no objetivo. Vai ser preciso mudar as estratégias de vez em quando, será preciso improvisar as vezes, mas é assim mesmo a vida de um empreendedor, está sempre em movimento e buscando novas maneiras.
Siga sua jornada e bom trabalho, empreendedor!
Esse foi o depoimento do Gil Novais:
Visagista, Designer de cortes, Engenheiro de curtinhos com certificações internacionais, criador dos métodos Precision e Engenharia de curtinhos. Realiza workshops e cursos de especialização presenciais e virtuais.
Cursos que ministra atualmente:
Método Precision
Engenharia de curtinhos
Master class Chanel de bico
Canal no YouTube: Gil.Novais,
Instagram: @gil.novais
Para contato com ele, mande e-mail para: gilnovais.contato@hotmail.com ou no instagram dele, via direct @gil.novais
Para especialização em cortes de cabelos, ele é o cara! Eu indico, sou aluna dele.
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Envia um e-mail para de82mm@gmail.com ou me mande um direct no @cabelinhonovo.
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Beijos bonitos e bonitas!
Débora Martins
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